A Dimensão da Inclusão e diversidade nas Igrejas cristãs Reformadas: uma questão pastoral?

Texto Base: “Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.” (Gálatas 3:28)

A inclusão é um princípio fundamental para as igrejas reformadas, enraizado nas Escrituras e na teologia reformada que enfatiza a soberania de Deus, a graça e a justiça divina. A inclusão não é apenas uma prática social ou um ideal moderno; é uma expressão concreta do amor de Deus e uma manifestação do Evangelho em ação.

1. O Princípio da Graça Universal:

Na teologia reformada, um dos princípios centrais é a doutrina da graça. A graça de Deus é oferecida a todos, sem distinção de raça, gênero, status social ou condição física. A salvação é um dom gratuito, disponível a todos aqueles que, pela fé, colocam sua confiança em Jesus Cristo. Esta compreensão de graça universal exige que a igreja seja um espaço inclusivo, onde todas as pessoas sejam bem-vindas, independentemente de suas diferenças.

Gálatas 3:28 declara que, em Cristo, todas as barreiras humanas são removidas. A comunidade cristã, portanto, deve refletir essa realidade, promovendo a inclusão de todos os indivíduos, reconhecendo que todos são iguais aos olhos de Deus.

2. A Comunidade como Corpo de Cristo:

A metáfora do Corpo de Cristo, usada por Paulo em 1 Coríntios 12, reforça a ideia de inclusão. Assim como o corpo humano tem muitos membros, cada um com uma função diferente, a igreja também é composta por uma diversidade de pessoas, cada uma com dons e habilidades únicas. Nenhuma parte do corpo é dispensável; todas são necessárias para o bom funcionamento do corpo como um todo.

Isso implica que a igreja deve ser um lugar onde cada pessoa, independentemente de suas habilidades, história ou condição, encontra espaço para participar e contribuir. A exclusão de qualquer pessoa é, na verdade, uma perda para a comunidade, pois cada indivíduo traz algo valioso para o corpo de Cristo.

3. A Importância da Inclusão para a Comunidade:

A inclusão nas igrejas reformadas é vital para a saúde espiritual da comunidade. Quando a igreja acolhe todos os indivíduos, ela se torna um reflexo autêntico do amor de Deus. A inclusão promove a unidade, fortalece os relacionamentos e cria um ambiente onde todos podem crescer na fé e no serviço.

Além disso, a inclusão é um testemunho poderoso para o mundo. Em uma sociedade frequentemente marcada por divisões e discriminação, a igreja deve ser um farol de esperança, mostrando que, em Cristo, existe um lugar para todos. A inclusão demonstra que o Evangelho é verdadeiramente para todos, sem exceção.

4. A Inclusão e o Princípio Universal da Salvação:

O princípio da inclusão reforça a verdade fundamental de que a salvação é universalmente oferecida a todos. João 3:16 nos lembra que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Este versículo sublinha a universalidade da oferta de salvação.

Quando a igreja pratica a inclusão, ela proclama de forma prática que o sacrifício de Cristo foi feito por todos, e que ninguém está além do alcance da graça de Deus. A exclusão de qualquer pessoa do convívio e da comunhão cristã contradiz essa verdade e limita a eficácia do testemunho da igreja.

5. Caminhos Práticos para a Inclusão:

Para que a inclusão seja uma realidade, as igrejas reformadas devem adotar práticas que acolham e integrem todos os indivíduos. Isso inclui:

• Acessibilidade: Garantir que os edifícios e eventos da igreja sejam acessíveis a pessoas com deficiência.
• Diversidade nas Lideranças: Promover a diversidade nos cargos de liderança, refletindo a composição da comunidade.
• Educação e Sensibilização: Oferecer ensino e treinamento sobre a importância da inclusão e a necessidade de combater preconceitos.
• Acolhimento: Criar uma cultura de hospitalidade onde todos se sintam bem-vindos e valorizados.

Conclusão:

A inclusão nas igrejas reformadas não é uma opção, mas uma expressão necessária do Evangelho. Reflete a verdade de que em Cristo todos são bem-vindos, todos são amados, e todos têm um papel a desempenhar no corpo de Cristo. Ao praticar a inclusão, a igreja não só fortalece sua comunidade interna, mas também reafirma o princípio universal da salvação, mostrando ao mundo que o amor e a graça de Deus estão disponíveis para todos.

Oração: Senhor, ajuda-nos a ser uma comunidade verdadeiramente inclusiva, refletindo o Teu amor e acolhendo a todos com o mesmo cuidado que Cristo nos acolheu. Que possamos viver de acordo com o Teu Evangelho, promovendo a unidade e celebrando a diversidade em nosso meio. Em nome de Jesus. Amém.

Reverendo Antonio Silva, 

é especialista em Ciências da Religião e pastor na Igreja Evangélica Hesed.